Um Itan do ODU OSA MEJI, relatando sobre os sacrifícios feitos
por OYA para ter crianças, diz que:" eles pegaram a carne de ovelha e
fizeram remédio para ela. E ela comeu. Quando ela deu à luz, ela deu à luz nove
crianças. Ela é "a mãe que teve nove". E isso é como OYA tornou-se IYANSAN, "a
mãe dos nove". A carne de ovelha que ela comeu como prescrição para ter crianças
nunca mais tocou seus lábios novamente. Isso é porque OYA não come ovelhas e
esse animal é ewo (tabu) para os seus adoradores..."Pela sua relação com
EGUN e o mundo dos mortos nos é possível entender o papel de OYA nos rituais de
passagem que marcam a integração entre vida e morte. A Iyalorisa Stella de
Osoosi, em seu livro "Meu tempo é agora", relata um mito de OYA que nos dá a
dimensão da relação do EBORA com as cerimônias fúnebres dentro da esin Orisa e
que resumimos a seguir. " Oduleke, chefe de uma linhagem ilustre de
caçadores e pai ancestral de todos os Ode, era casado com OSUN e tomou uma
criança para criar. Esta criança, esperta e alegre, tornou-se a preferida de seu
pai adotivo e recebeu o nome de OYA. A criança cresceu e tornou-se uma jovem que
apreendeu com os pais as artes da caça e os segredos da magia.Um dia,
velho e alquebrado, Oduleke é levado pela morte. OYA, entristecida, resolve
fazer uma homenagem ao pai. Para tanto, reuniu os pertences de caça de Oduleke
enrolando-os em um pano por ela bordado. Preparou as comidas prediletas de
Oduleke e convidou todos os chefes caçadores para a cerimônia fúnebre.
Cantando e dançando, durante sete dias carregou na cabeça o "carrego"
com pertences de caça do pai. Sua voz foi levada aos quatro cantos do mundo pelo
vento - seu elemento mágico, e de todos os lugares se apresentaram multidões de
caçadores. Ao fim da sétima noite, OYA acompanhada por todos os Ode foi
depositar o "carrego" ao pé de uma árvore sagrada situada dentro da mata. O
pássaro agbe, de penas azuis e brilhantes, deixou o galho da árvore voando para
o firmamento.“OLORUN, emocionado, concedeu à OYA o poder de transportar
os recém nascidos numa outra vida, os espíritos, do aiye para o orun,
transformando Oduleke em Orisa e OYA na mãe dos espaços sagrados.” Desta forma
estava criado o ajeje - vigilia do caçador (chamado no Brasil de asese), ritual
fúnebre dentro da religião do Orisa.OYA está intimamente associada ao
vento, então, podemos entender que ela exerce papel essencial no processo de
fertilização do reino vegetal, através da polinização, transporte do pólen de
uma planta para outra, permitindo sua fecundação e a sua multiplicação. Da mesma
forma, transporta sementes, permitindo que o reino dos EBORA ODE tenha garantida
sua existência e continuidade. Essa hipótese, sem dúvida, merece estudo
e trabalho específico, capaz de nos permitir ampliar a perspectiva com que
cultuamos o EBORA OYA e, possivelmente, encontrá-la em toda a sua grandeza e
dimensão. Um Itan do ODU EJIOGBE MEJI relata que ESU,
querendo castigar uma ave que não fizera os sacrifícios prescritos por IFA,
lançou mão de OYA para ajudá-lo, "... então adaba foi para o topo de outra
árvore e colocou ovos lá. Aqueles que ela colocou e os fazendeiros não podiam
vê-los; ESU disse, 'você, OYA, você os viu?' E OYA balançou a árvore e os ovos
de abada caíram no chão..."ÈÉPÀÀ HEYI ! Oyá é
saudada com a frase èépàà heyi ! onde "èépàà" representa uma recomendação de
calma, expressando quase terror diante de um poder incontrolável para o homem e
"heyi" é a reprodução do brado gutural emitido por Oya quando, incorporada em
seus filhos, identifica-se aos presentes. Novamente é num verso de Ifá
que podemos encontrar e origem deste brado. A descrição da origem do
grito contida no oráculo, apresenta-o como reflexo da violenta ameaça da deusa,
em decorrência da negligência dos homens, de destruir o mundo e não apenas
torná-lo seco e estéril como pretendeu Oxun.
"Flechas-de-caça-colocam-o-caçador-em-dúvida
Chuva-torrencial-dispersa-o-mercado-do-rei-de-Ifá
Estes são os nomes dos sacerdotes que Consultaram
Ifá para Olúgbìjì, uma pessoa de bem Quando o encontraram em meio à rebelião.
Há um Orixá, disseram os adivinhos, na sua família
– Orixá Dona-do-fogo. Oh, disse Olúgbìjì, essa é
Oya. Ela tem estado na família há muito, muito
tempo. Então você deve oferecer a ela, disseram
eles, Duzentas porções de inhame amassado, Uma
sopa de gbegiri, Uma cabra branca, seis galos e 21 pedras.
Oya aceitou a
oferenda.Ela se preparou.
As pessoas suplicaram:
Oya dakun (Oya, nós lhe imploramos!)
Mas Oya não atendeu porque estava decidida a
destruir completamente os inimigos de Olúgbìjì. E
dizer Oya dakun! de nada adiantava. Eles não a
demoveram. Se você continuar com isso, Oya,
disseram as pessoas, Você destruirá o mundo inteiro.
Você tem que aprender a aceitar um pedido.
Vá comprar um escravo, Oya, eles disseram.
Um escravo saberá como respeitá-la.
Ele conhecerá todas as suas proibições e ensinará
as pessoas quando se arriscam a ofendê-la. Ele
fará seu nome cada vez mais conhecido. O nome
deste escravo era Ehin (dente) Que nome esquisito!
Disse Oya. Deve ser Heyi, ela bradou. Depois
disso, sempre que Oya se enfurece as pessoas chamam Heyi,
Que é o que a pessoa possuída por Oya chama, Heyi!
Mas a pessoa possuída não chama, não sabe!
É a própria Oya que está
chamando."OYA ÌGBÀLÈ (Por Babá
Guido - Okitalande)
Para um melhor
entendimento e compreensão deste caminho de Oya, julgo necessário obter o devido
conhecimento da palavra Ìgbàlè.A palavra Ìgbàlè significa – pequena
mata, lugar sagrado; tem a conotação de “A Floresta Sagrada dos Egúngun” ou “O
Bosque Sagrado dos Ancestrais”. O mito relata que:“..Em épocas muito
remotas, havia na cidade do Oyo um fazendeiro chamado Alapini, que tinha três
filhos chamados Ojéwuni, Ojésamni e Ojérinlo. Um dia Alapini foi viajar e deixou
recomendações aos filhos para que colhessem os inhames e os armazenassem, mas
que não comessem um tipo especial de inhame chamado ihobia, pois ele deixava as
pessoas com uma terrível sede. Seus filhos ignoraram o aviso e o comeram em
demasia. Depois, beberam muita água e, um a um, acabaram todos
morrendo.Quando Alapini retornou, encontrou a desgraça em sua casa.
Desesperado, correu ao Babalawo, que consultou o oráculo de Ifá. O sacerdote
indicou que, após o l7º dia fosse ao ribeirão do bosque e executasse o ritual
que foi prescrito no jogo. Ele deveria escolher um galho da árvore sagrada atori
e fazer um “bastão de invocação” do qual deveria ser denominado de isan. Na
margem do ribeirão, deveria bater com o bastão na terra e chamar pelos nomes dos
seus filhos, que na terceira vez eles apareceriam. Mas ele também não poderia
esquecer de antes fazer certos sacrifícios e oferendas.Assim ele o fez;
seus filhos apareceram. Mas eles tinham rostos e corpos estranhos; era então
preciso cobri-los para que as pessoas pudessem vê-los sem se assustarem. Pediu
que seus filhos ficassem na floresta e voltou à cidade. Contou o fato ao povo, e
as pessoas fizeram roupas para ele vestir seus filhos.Deste dia em
diante ele poderia ver e mostrar seus filhos as outras pessoas; as belas roupas
que eles ganharam escondiam perfeitamente suas condições de mortos. Alapini e
seus filhos fizeram um pacto: em um buraco feito na terra pelo seu pai, deveria
ser “acomodado” os fundamentos do culto e denominado de ojúbo – Altar, no mesmo
local do primeiro encontro, ou seja no Igbó Ìgbàlè, ali seriam feitas as
oferendas e os sacrifícios e onde as roupas deveriam permanecer guardadas, para
que eles as vestissem quando o pai os chamasse através do ritual do
bastão.Seguindo o pacto e as instruções do Babalawo, de que sempre que
os filhos morressem fosse realizado o ritual após o l7º dia, pais e filhos para
sempre se encontraram. E, para os filhos que ainda não tiverem roupas, é só
pedir às pessoas que elas as farão com imenso prazer...”Assim sendo,
poderia interpretarmos Oya Ìgbàlè como “A Senhora da Floresta Sagrada dos
Ancestrais”. Se um dos atributos de Oya em sua pura essência é o
“Espírito do Vento”, neste caminho ela é denominada de “O Vento da Morte, A
Regente do Vento Invisível dos Egúngun” Oya Ìgbàlè é a divindade que Olódúmarè
outorgou o direito de controlar os espíritos dos seres humanos quando
desencarnados. Ela tem que assegurar que nosso espírito, de uma forma ou de
outra, não seja prejudicado nesta “transição” tão delicada. Esta transição esta
sub-dividida em 9 etapas: leito de morte, velório, caminho do cemitério, porta
do cemitério, caminho da sepultura, sepultura, ritos fúnebres, despacho do
carrego e o caminho para o além; e caso este espírito tenha que regressar ao
mundo dos vivos, para solucionarmos alguma pendência, novamente deverá ser
acompanhado por Oya Ìgbàlè. Há tradicionalista modernos quem diga que o
conhecido Déjà Vu a esta divindade pertence.Oduleke foi o primeiro
caçador a receber os ritos do Asese, celebrado por Oya Ìgbàlè. Até então este
rito era somente destinados aos caçadores, para somente depois ser designado a
todos os iniciados e consagrados ao Culto do Òrìsà e Egún.Uma de suas
principais características, esta em sua lealdade para com seus seguidores.
Quando Oya Ìgbàlè acompanha seus seguidores em uma batalha, invoca seu poderoso
exército de Egúngun liderado por um dos mais temíveis Ancestrais – Baba Ajimuda.
Os mitos relatam que nesta batalha Oya Ìgbàlè cobre o rosto com uma mascara para
ocultar a face da destruição. Na diáspora, esta mascara foi substituída pela
pintura de efun do qual cobre por completo o rosto de Oya Ìgbàlè e que ninguém
deve dirigir o olhar diretamente a ela, mesmo que esta cerimônia seja realizada
no escuro.No Novo Mundo Oya Ìgbàlè passa a morar no Ile Awo – A casa do
Segredo, mas especificamente no Ile Sanyin ou popularmente conhecido com
Lesanyin quando cultuada no Culto de Lese Egún e no Ile Ibo Aku quando cultuada
em Lese Òrìsà. Suas representação materiais e seus atributos diferem de um lugar
para outro, porém seu maior segredo se mantem em igualdade em ambos os cultos.
Entre tantos outros o que mais diferencia seus assentamentos, são a presença de
uma ossada retirada do corpo de um animal, do qual deverá ser prepara e
consagrada para determinadas funções. Sabemos que o osso representa a morte, a
representação de um ser que em outrora vivera. Oya é evocada para para
Proteção contra ataques de perversos ou Iku-Egun, atrair Amores, fertilidade na
esterilidade, saúde das trompas, vendas de todos os tipos, Melhorias no
comércio, movimento de comercio, atrair clientes, tomar iniciativa, Faxina
espiritual, varrer os espíritos perversos.
YANLE - banquete de
OyaEwure , Etu , Adiyé , Aparo, Adaba, Agbado cozido e pilado, Egbo
cozido e pilado, Akara, Ipanu (Caramelos com gengibre), Ekò pupa, Ekuru pupa,
Ibakan , Olele, Obi abata com Osun, Orogbo com Osun, Epo em quantidade, Oyin,
etc.Tabu: Agutan (carneiro), a fumaça, o Adin,
a todos os Egusi (abobora, melão, melancia, cabaças).Oyà sempre dá uma
parte do sacrifico para Sango e Egungun, mas quando houver
sacrifício.Arquétipo de Oya:O arquétipo de
Oiá é o das mulheres audaciosas, poderosas e autoritárias. Mulheres que podem
ser fiéis e de lealdade absoluta em certas circunstâncias, mas que, em outros
momentos, quando contrariadas em seus projetos e empreendimentos, deixam-se
levar a manifestações a mais extrema cólera. Mulheres, enfim, cujo temperamento
sensual e voluptuoso pode leva-las a aventuras amorosas extraconjugais múltiplas
e freqüentes, sem reserva nem decências, o que não as impede de continuarem
muito ciumentas dos seus maridos, por elas mesmas
enganados.ISURE ÒRÌSÀ OYA:IBA
OYAAYABA OBAKOSO,ODO KUN KO KUN, KO SIENITI OYA KO LE GBE
LO,MAA JEKI ODO GBE MI LO,MAA JEKI NKU IKU INA,IYA MI
BOROKINNI,JOWO EMI NFE ORO LATIODO RE,EMI NFE ALAFIA,EMI NFE
ILERA,EMI NFE ILOSIWAÚU,IYAWO ONIBON-ORUN, JOWO SOMI DI OLORO.ÀSE TI
ELEDUNMAREELEDUNMARE ÀSE.Oya eu te
saúdo.Esposa do Obakoso
(Sòngó).O rio enche ou não, não há ninguém que Oya
não leve,Não deixe o rio me
levar.Não me deixe morrer
afogado,Não me deixe morrer no
fogo,Minha mãe é
bonita,Eu quero prosperidade de
você,Eu quero paz,Eu
quero saúde,Eu quero
progresso,Esposa de dono da voz do céu
(Sòngó),Favor, faça-me
rico.Axé do Senhor
Supremo.Benção do Senhor Supremo.
Oriki OyáOyà A To
Iwo Efòn Gbé.Ela é grande o bastante para carregar
o chifre do búfalo.Oyà Olókò
Àra.Oyà, que possui com marido poderoso raio. (
Xangô )Obìnrin
ogun,Mulher
guerreira.Obìnrin
ode.Mulher
caçadora.Oya Òrírì Arójú Bá Oko
Kú.Oyà, a charmosa, que dispõe de coragem para
morrer com seu marido.Iru Èniyàn Wo Ni Oyà Yí
N Se, Se?Que tipo de pessoa é
Oyà?Ibi Oya Wà, Ló
Gbiná.O local onde Oyà está pega
fogo.Obìnrin Wóò Bi Eni Fó
Igbá.Mulher que se quebra ao meio como se fosse
uma cabaçaOyà tí awon òtá
rí,Oyà foi vista por seus
inimigosTí Won Torí Rè Da Igbá Nù Sì
Igbó.E eles, assustados, fugiram atirando as
bagagens no
mato.Héèpà Héè,
Oya ò!Eeepa He! Oh,
Oyà!Erù Re Nikan Ni Mo Nbà
O.És a única pessoa que
temo.Aféfé
Ikú.Vendaval da
MorteObìnrin Ogun, Ti Ná Ibon Rè Ní À Ki
KúnA mulher guerreira que carrega sua arma de
fogoOyà ò, Oyà
Tótó Hun!Oh, Oyà, à Oyà respeito e
submissão!Oyà, A P’Agbá, P’Àwo Mó Ni
Kíákíá,Ela arruma suas coisas sem
demoraKíákíá, Wéré Wéré L’ Oyà Nse Ti
ÈRapidamente Oyà faz suas
coisasA Rìn Dengbere Bíi
Fúlàní.Ela vagueia com elegância, como se fosse
uma nômade
fulani.O Titi Tí
Nfi Gbogbo Ará Rìn Bí EsinQuando anda, sua
vitalidade é como a do cavalo que trota.Héèpà,
Oya Olómo Mesan, Ibá Re Ò!Eeepa Oya, que tem nove
filhos, eu te saúdo!
Bibliografia:Alma
Africana no Brasil - Os iorubas, Ronilda Iyakemi Ribeiro (Ed. Oduduwa)A
Mitologia dos Orisa Africanos – Prof.: Sikiru Salami (Ed. Oduduwa)Os
Nago e a morte – Joana Elbein dos SantosPáginas de pesquisa na
Web.:INSTITUTO ORUNMILA DE
CULTURAhttp://www.okitalande.com.br/
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